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Publicado em 21 de julho de 2020

Sérgio Delmonte, uma vocação para a Medicina que começou ainda na infância

Ainda criança , Sérgio Delmonte passava longas horas cuidando dos animais domésticos feridos que encontrava, sem sequer desconfiar que sua vocação seria uma continuidade dessas ações. Mais tarde, quando resolveu que seu caminho era a Medicina, sua ambição era apenas atuar cuidando da população de sua cidade, a pequena Três Rios, no interior do Estado do Rio de Janeiro. 

Com o passar do tempo os horizontes do então cirurgião de quadril se ampliaram. Começou a trabalhar na área associativa em 1998, a convite de Jorge Penedo e não imaginava que um dia viria a presidir a Sociedade Brasileira do Quadril. E muito menos que criaria um dos eventos científicos mais importantes da SBQ: Os Encontros de Cirurgia do Quadril de Itaipava, que já alcançam a  nona edição, conta com convidados internacionais e que, pela primeira vez, deverá ultrapassar a marca de 200 participantes.

Essa carreira brilhante não impediu, entretanto, que continuasse ligado à sua Três Rios. Ainda atualmente Sérgio Delmonte dedica pelo menos uma tarde por semana para atender na sua cidade natal, hoje muito maior, no Interior do Estado do Rio.

O Quadril – Sua biografia fala apenas de Medicina e de sua dedicação ao quadril, mas há companheiros seus que garantem que você poderia ter feito sucesso mesmo se optasse pela música. É verdade?

Delmonte – Não sei se faria sucesso, mas realmente toco baixo e guitarra e toquei um pouco no congresso de Fortaleza. Afinal, viver mergulhado na cirurgia de quadril acaba exigindo um hobby para relaxar, e o meu não é apenas a música, gosto também de mountain bike e uma vez por ano vou com outros médicos esquiar, no Hemisfério Norte.

O Quadril – Os hobbies são necessários porque o quadril é muito estafante?

Delmonte – De jeito nenhum. É uma profissão exigente, mas maravilhosa, para quem tem vocação e amor pelo que faz, é altamente gratificante. E minha vocação nasceu  cedo, ainda  criança já gostava da área biológica, fazia curativo em ‘pets’ machucados e a Medicina foi uma escolha natural.

Fui estudar na Medicina na Universidade Severino Sombra, em Vassouras. Também me pareceu natural me ligar no trabalho nos Prontos Socorros, nos plantões, ainda quando acadêmico, mais ainda porque um grande amigo meu era ortopedista em Três Rios que me estimulou muito, o que fez com que me tornasse um apaixonado pela especialidade.

O Quadril – E porque a opção pelo quadril?

Delmonte – Na verdade eu não imaginava que iria fazer Quadril, minha formação em Ortopedia foi muito boa, a residência foi feita no Hospital da Polícia Militar, no Rio de Janeiro, terminando eu fiz a prova de titulo da SBOT (TEOT). 

Com o titulo da SBOT, eu já tinha uma programação em voltar para Três Rios, pois queria trabalhar na minha cidade. Eram seis ortopedistas e comigo seríamos sete na cidade, um grupo muito unido. Os colegas me disseram que nenhum estava voltado para a cirurgia do quadril que tinha bastante demanda e seria muito bom se eu preenchesse essa lacuna. 

A especialização fui fazer no antigo HTO, atual INTO e meu professor foi o dr. Pina Cabral que, na época, era o chefe do grupo do Quadril do HTO. Foi ele que efetivamente quem me iniciou, aprendi muito sobre quadril e mais ainda quando me convidou para trabalhar com ele na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e em São Gonçalo. Aceitei, e foi uma época muito boa, importante para minha formação e durante a qual tive a oportunidade de operar um grande número de pacientes.

O Quadril – Mas você não fez quadril também no exterior?

Delmonte – É verdade. Acompanhei alguns serviços, na Alemanha, nos Estados Unidos, sempre no segmento da cirurgia do quadril. 

Hoje resido em Itaipava que é um distrito de Petrópolis, trabalho no Hospital Santa Teresa em Petrópolis desde 1999, para onde fui a convite de Pedro Labronice, Chefe do Serviço na época. Trabalho também no Rio de Janeiro três dias na semana, mas uma tarde por semana vou atender na minha Três Rios onde também opero, de quatro a cinco casos por mês. 

O Quadril – Como aconteceu a sua ligação com a Sociedade Brasileira de Quadril? 

Delmonte – Olha, foi bem natural, a SBQ ainda não era sociedade de especialidade, mas apenas um Comitê, e eu sempre admirei o trabalho dos doutores Pina Cabral, Pedro Ivo de Carvalho, Emilio Freitas e do Jorge Penedo que hoje são grandes amigos. Foram verdadeiros incentivadores da consolidação desse trabalho associativo e eu já era membro do Comitê há um ano, quando a SBQ se tornou sociedade em janeiro em 1996. 

Jorge Penedo, que tive a honra de conhecer quando fiz o R4 em 1992 no antigo HTO, tornou-se um grande parceiro no Rio de Janeiro. Começamos a trabalhar juntos em agosto de 2000, na ocasião montamos o grupo Pró-quadril, onde atuamos juntos já há 20 anos. Aprendi muito com ele também, nos tornamos grandes amigos, e ambos viriam a ser presidentes da SBQ anos mais tarde.

O Quadril – Então você viveu o crescimento da SBQ, desde seu nascimento até tornar-se uma sociedade de renome mundial?

Delmonte –Sim , orgulho-me disso, e  acompanhei de perto esse crescimento. Iniciei meu trabalho na SBQ em 1998, a convite do Jorge Penedo que me incluiu na diretoria da Regional Rio como secretário, depois fui vice-presidente na gestão de Emílio Freitas, bem como na gestão do Pedro Ivo que veio a presidir o congresso da SBQ no Rio em 2003. 

Por ocasião da gestão de Nelson Franco como presidente da SBQ nacional, assumi a presidência da Regional Rio em 2004/2005. Quando o Jorge Penedo assumiu a presidência nacional, participei da diretoria como tesoureiro. Na gestão do Sérgio Rudelli 2012/2013 fui vice-presidente e em 2014 tive a honra de assumir a presidência, com a responsabilidade e a difícil missão de cumprir a sucessão de Sergio Rudelli e fazer acontecer um congresso inesquecível, em Fortaleza, presidido por Manoel Diógenes. 

Acho que consegui, mas com muita ajuda da equipe: Edimilson Takata, Carlos Galia, Guydo Horta e Itiro Suzuki e de minha esposa Maninha, com quem comemorei minhas bodas de prata durante o evento, em 2015. 

Ela nos ajudou muito organizando toda a parte social, desde o cardápio de um jantar memorável, toda decoração,  programações sociais e passeios com as acompanhantes dos convidados nacionais e internacionais, que ficaram maravilhados com as belezas do litoral do Nordeste. O mais importante para mim era fazer um evento de excelente qualidade científica e manter o congraçamento, a ligação dos associados que, cada vez mais, formam essa grande família, a SBQ.

O Quadril – E o evento de Itaipava, que vai para a nona edição. Como é que nasceu?

Delmonte – A educação continuada sempre foi uma grande preocupação dos presidentes da SBQ e, na gestão Jorge Penedo da regional Rio, em 1998, queríamos fazer um evento da Regional, mas fora do Rio. Apoiei a ideia de Itaipava, um distrito de Petrópolis, onde tínhamos um centro de convenções pequeno, o General Airosa, tipo hotel de campo, do Exército. A diretoria concordou, montamos o evento, foi bom e acabou incluído na agenda da SBQ.

Na gestão Nelson Franco eu era o presidente da Regional Rio e todos me deram muita força, o evento cresceu, o lugar é lindo, uma espécie de ‘Campos do Jordão’ carioca , e quando resolvemos trazer convidados internacionais eles também se encantaram, passaram a vir com as esposas porque a parte social reservada para elas é bem agradável. 

No evento mais recente tivemos quatro convidados internacionais, da Alemanha, Colômbia e da Inglaterra. O IX Encontro de Cirurgia de Quadril de Itaipava será postergado por causa do coronavirus, ficou reagendado para maio do ano que vem, mas garanto que será tão bom quanto os anteriores, e o evento está crescendo! No último, tivemos 186 participantes, no próximo espero ultrapassar duzentos.

O Quadril – E para o futuro, quais são seus planos?

Delmonte – Primeiro, a expectativa de trabalhar com uma das minhas duas filhas, a Gabriela, que vai se formar em Medicina no próximo ano e parece que optou pela Anestesia. 

Meu trabalho na SBQ agora é menos exigente, pois só participo do Conselho Consultivo que reúne os ex-presidentes e embora chefie o grupo de quadril no Serviço de Ortopedia do Hospital Santa Teresa (Serviço do Professor Donato D´Angelo), no qual também formamos R4, vou ter um pouco mais de tempo e planejo fazer pós-graduação e me dedicar ao mestrado e doutorado. Parar é a única coisa que não está nos meus planos.  


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