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Publicado em 18 de novembro de 2024

Estágio Intensivo da SBQ ultrapassa fronteiras

Em setembro, alguns centros da SBQ receberam a visita do Dr. Stefan Johannes Neuhoffer, cirurgião de quadril e professor da Universidade de Basileia, na Suíça. Em entrevista, ele compartilhou seu interesse pela artroscopia de quadril e as impressões sobre o Brasil.

O Quadril: Poderia nos contar sobre sua formação e experiência com a cirurgia preservadora do quadril?

SJN: “Sempre achei fascinantes as técnicas minimamente invasivas para o quadril. Durante meu treinamento, tive várias oportunidades de me familiarizar com procedimentos preservadores. No Hospital Universitário Balgrist, observei o trabalho do Prof. Dora. Mais tarde, fiz minhas primeiras artroscopias de quadril sob a supervisão do Dr. Christian Döttl, em Linz. A técnica que aprendi lá era bastante diferente do que havia visto em Zurique, sendo baseada nos métodos do Prof. Dr. Michael Dienst, provavelmente o mais renomado artroscopista de quadril da Alemanha, com quem também tive o privilégio de trabalhar mais tarde. De volta à Suíça, acompanhei dois cirurgiões de alto volume, Fabian Kalberer (Thurgau) e Richard Herzog (Wollhusen), cada um com técnicas marcadamente distintas.

Até hoje, coexistem várias abordagens cirúrgicas, e alguns profissionais ainda defendem técnicas abertas para as mesmas patologias. Percebo que há uma área cinzenta considerável que precisará ser esclarecida nos próximos anos, e que o surgimento de novas evidências ajudará a aprimorar o cuidado aos pacientes. Um dos meus principais objetivos é tornar meus procedimentos cada vez mais seguros, por isso estou constantemente em busca de novas opções.”

O Quadril: Como surgiu seu interesse em visitar o Brasil?

SJN: “No último Simpósio de Berna, destacou-se a importância da seleção criteriosa de pacientes e da precisão diagnóstica, incluindo o uso de softwares de simulação 3D. No entanto, esses programas são geralmente caros e/ou exclusivos de alguns centros. Meu interesse pelo Brasil surgiu após conversar com o Dr. Thiago S. Busato, quando discutimos sobre o uso de softwares de segmentação 3D de código aberto para melhorar o planejamento pré-operatório.

Pouco tempo depois, perguntei ao Dr. Busato sobre a possibilidade de visitá-lo, e ele mencionou os estágios intensivos da SBQ, que estavam em fase de implantação. Durante meu tempo em Zurique, bem como nos meus fellowships no Japão e no Canadá, já sabia que o Brasil tinha excelentes cirurgiões. Dada a diversidade de técnicas que observei na artroscopia, fiquei muito curioso para ver como essas práticas se aplicam no Brasil, influenciadas por fatores geográficos e culturais únicos.”

O Quadril: Quais foram as principais diferenças culturais e práticas cirúrgicas que observou?

SJN: “Notei que a hospitalidade e o calor humanos dos brasileiros também se refletem no ambiente clínico. Existem muitas diferenças entre os sistemas de saúde do Brasil e da Europa, desde o treinamento ortopédico até o atendimento ao paciente e a forma de financiamento. O sistema privado no Brasil oferece excelentes instalações e rápido acesso, enquanto o SUS enfrenta alguns desafios estruturais. No entanto, no cuidado ortopédico, há claramente um forte desejo de proporcionar o melhor atendimento possível. Acompanhei três serviços durante minha visita:

1. Passo Fundo/RS – Passei as duas primeiras semanas sob a orientação do Dr. Samuel Faccioni. Apesar do tamanho relativamente pequeno, a cidade é reconhecida por seus institutos médicos e universidades, abrangendo uma vasta área. A técnica mais frequente do Dr. Faccioni é a abordagem “de dentro para fora”, com reparo do labrum em quase todos os casos. Sua habilidade técnica, especialmente na troca rápida e elegante de portais, é impressionante.

2. Curitiba/PR & Blumenau/SC – Passei uma semana acompanhando o Dr. Thiago S. Busato e sua equipe. Sua paixão pela cirurgia do quadril é notável. A equipe do Dr. Busato trabalha de forma altamente colaborativa e fiquei impressionado com a técnica “de fora para dentro” que observei. Além disso, também visitei Blumenau, onde o Dr. Busato generosamente me apresentou ao Dr. Rodrigo Monari, que me permitiu observar sua técnica de fechamento capsular, que pretendo incorporar à minha prática.

3. São Paulo/SP – Minha última parada foi com o Dr. Felipe Takatsu, cuja técnica minimamente invasiva, especialmente sua capsulotomia limitada, é muito semelhante à minha. Tive a oportunidade inestimável de praticar técnicas avançadas em laboratório, incluindo uma reconstrução completa do labrum.”

O Quadril: Quais foram suas impressões gerais dessa visita?

SJN: “O estágio foi uma oportunidade única para adquirir conhecimentos e experiências sob uma nova perspectiva. As percepções que obtive enriquecerão minha prática futura. Fiquei profundamente impressionado com a habilidade, dedicação e inovação dos cirurgiões que conheci. Essas experiências certamente moldarão minha abordagem no tratamento de distúrbios do quadril daqui em diante.”

Segundo Thiago S. Busato, nosso Diretor Científico, esta visita representou uma excelente oportunidade de troca de experiências e de fortalecimento dos laços da SBQ com outras sociedades, o que permitirá um intercâmbio ainda mais intenso no futuro próximo. Ele também reforça que o programa de Estágios Intensivos da SBQ é um grande sucesso, e que, para participar, basta acessar a “área do associado” no site (www.sbquadril.org.br), escolher um centro e enviar sua solicitação.

Passo Fundo – da esquerda para direita: Diogo Torquato, Stefan, Alex Rodriguez, Samuel Faccioni.
Curitiba – da esquerda para a direita: Thiago Busato, Stefan, Lucas Godoi e Marcelo Morozovski.
Blumenau – da esquerda para a direita: Rodrigo Monari, Stefan e Carlos Pfiffer.
São Paulo – da esquerda para a direita: Mauro Caron, Felipe Takatsu, Stefan, João Reis, Thiago Augusto e Hugo Moreira.
Curitiba – Thiago Busato e Stefan em visita ao Jardim Botânico.

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