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Publicado em 15 de julho de 2020

O que é DDQ – Displasia de desenvolvimento do quadril?

A palavra displasia é originária dos termos Gregos dys (má) e plasis (formação). Na Ortopedia, este termo se refere ao desenvolvimento anormal de uma região do corpo. 

A displasia do desenvolvimento do quadril (também conhecida pela sigla D.D.Q.) se refere a quadris instáveis. Nestes, geralmente a cobertura da cabeça do fêmur é insuficiente. É um quadro de gravidade variável, podendo haver desde pequenas alterações que podem passar despercebidas por um longo período até luxações francas, quando o quadril já nasce totalmente “desencaixado”. Importante notar que, apesar de ser classicamente considerada como uma doença da primeira infância, pode se desenvolver também durante o crescimento do indivíduo.

A figura abaixo mostra um quadril normal à esquerda e, a seguir, graus variados de gravidade de DDQ. Observe como a cobertura da cabeça femoral mostra-se bastante alterada nos casos mais graves. Além da “falta de cobertura”, é comum também que o osso da coxa (fêmur) seja mais estreito e apresente alterações rotacionais.

Quais são os sintomas?

Nos recém nascidos, é muito importante a avaliação precoce com o pediatra ou com o ortopedista para a detecção da DDQ, pois ela geralmente é indolor. Através do exame físico, o médico pode detectar sinais clínicos suspeitos e prosseguir com uma investigação por imagem se for necessário.

Na idade adulta, a DDQ pode tornar-se dolorosa. Geralmente a dor é crural (na virilha), podendo ser também dor do lado de fora do quadril. Podem haver sintomas mecânicos tais como: bloqueios da articulação, falseios ou estalidos. É sempre muito importante a avaliação do Ortopedista para ter-se um diagnóstico preciso.  A DDQ é uma causa de desgaste precoce da articulação, sendo ainda uma das indicações mais comuns de prótese total de quadril em adultos jovens.

Quais são as causas?

As causas da DDQ ainda não são totalmente conhecidas, mas sabemos hoje que existe relação genética, sendo que a história familiar é um fator de risco importante. É mais comum nas meninas (80%) e também tem relação com a posição intra-uterina de apresentação pélvica, ou seja, quando o feto encontra-se “sentado” dentro do útero. O hábito que alguns povos têm de enrolar os seus recém nascidos como um “charuto” também pode contribuir para o aparecimento da DDQ.

Como é o tratamento?

O tratamento depende da idade do diagnóstico e da gravidade do caso. Quanto mais precoce o diagnóstico e menor a gravidade da displasia, melhores serão as chances de um bom resultado.

Na infância, podem ser usadas órteses para corrigir casos mais leves. Em situações de maior gravidade, o tratamento cirúrgico é necessário. Nesta fase, o tratamento tem como objetivo principal manter o quadril bem centralizado. O tratamento cirúrgico pode envolver várias técnicas, inclusive com osteotomias (cortes nos ossos) do fêmur ou da bacia, para corrigir as deformidades.

No adulto, o tratamento varia de acordo com a presença ou não de desgaste de cartilagem e de acordo com a gravidade da deficiência de cobertura. Pode envolver osteotomias de correção ou prótese de quadril em casos mais avançados.

Como se trata de uma deformidade estrutural, o tratamento não-cirúrgico nem sempre traz benefícios, mas novamente a avaliação de um ortopedista é fundamental para delinear um plano de tratamento.

A figura abaixo ilustra uma das técnicas de correção, conhecida como osteotomia periacetabular. Ela foi idealizada pelo Prof. Reinhold Ganz, da Suíça. Faz parte do grande e heterogêneo grupo das osteotomias pélvicas. O principal objetivo deste tipo de procedimento é o aumento da cobertura da cabeça femoral. Veja como fica a posição final do fragmento após o redirecionamento. Corrigem-se as inclinações do acetábulo, aumentando a cobertura da cabeça femoral. O fragmento é então fixado com parafusos e aguarda-se a consolidação óssea. Esta técnica visa tentar impedir a progressão do desgate articular.

Outro grupo de osteotomias envolve a correção do ângulo e da rotação do fêmur, sendo estas mais indicadas nas crianças, podendo ser associadas ou não a uma osteotomia pélvica. Em adultos, suas indicações diminuíram nos últimos anos por conta da melhora tecnológica das próteses de quadril.

Hoje, estas abordagens podem eventualmente ser complementadas através da luxação cirúrgica ou da artroscopia do quadril, possibilitando, em casos bem selecionados, um tratamento mais amplo através da abordagem de eventuais problemas intra-articulares.

Conclusões:

A DDQ é uma causa importante de artrose. O diagnóstico e o tratamento precoce devem sempre ser almejados. A indicação do melhor tipo de tratamento depende de vários fatores e deve ser feita de modo individualizado, preferencialmente através da avaliação de um médico ortopedista.


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